terça-feira, 16 de outubro de 2012

Utopia (Pe Zezinho)

Das muitas coisas
Do meu tempo de criança












 

Guardo vivo na lembrança

O aconchego de meu lar
No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajuntava
Lá no alpendre a conversar













Meus pais não tinham

Nem escola e nem dinheiro
Todo dia o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso, seu olhar














Eu tantas vezes

Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava
Quem fizera estrepolia
E mamãe nos defendia
E tudo aos poucos se ajeitava


















 O sol se punha
A viola alguém trazia
Todo mundo então pedia
Ver papai cantar pra gente













 Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar no sol poente


















Correu o tempo

E eu vejo a maravilha
De se ter uma família
















Enquanto muitos não a tem















Agora falam

Do desquite ou do divórcio












O amor virou consórcio

Compromisso de ninguém
















Há tantos filhos

Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais















Se os pais amassem

O divórcio não viria
Chame a isso de utopia
















Eu a isso chamo paz.



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